quarta-feira, 13 de julho de 2011

O caráter ambíguo da obra de arte

"A grandeza de uma obra de arte está fundamentalmente 
no seu caráter ambíguo, que deixa ao espectador decidir 
sobre o seu significado." 
(Theodor Adorno)


 Marcel Duchamp (1887-1968) criou uma polêmica no campo da arte que perdura há quase um século, foi o responsável pelo conceito de ready made, que é o transporte de um elemento da vida cotidiana para o campo das artes e deste modo, tornando ele um objeto de arte.

Seu primeiero ready-mady é a conhecida obra intitulada "A Fonte" (numa alusão a obra homônima do artista neoclássico Dominique Ingres pintada em 1856) e assinada "R. Mutt" (fábrica que produziu o urinol). Foi colocada entre as obras a serem julgadas para um concurso de arte promovido nos Estados Unidos e rejeitada pelo júri, uma vez que, na avaliação deste, não havia nela nenhum sinal de labor artístico. De fato, trata-se de um urinol comum, branco e esmaltado, comprado numa loja de construção e assim mesmo enviado ao júri.
Em nossos dias, seu gesto iconoclasta, ainda polemiza e cria uma discussão acirrada entre aqueles que defendem uma obra de arte baseada em valores formais (habilidade técnica do artista, materiais tradicionais, etc.) e aqueles que defendem a arte como ideia, um conceito, em que a manifestação física da obra de arte pode ser provisória, com a valorização do processo criativo, que são as bases da arte conceitual (também conhecida como arte contemporânea).
As discussões sobre o caráter da obra de arte antecedem em muito as questões propostas pelo artistas conceituais. Platão já havia se referido a produção artista como aquela que imita o mundo sensível, que é a imitação do mundo das ideias, em outras palavras, de modo reducionista, ele teria dito que a obra de arte de seu tempo era cópia da cópia.
A delícia da arte está nesta característica provocadora que nos move a pensar, e por esta razão Joseph Kosuth (1945-) aproxime a arte da filosofia, ou até mais  que isto, propondo a arte como substituta da filosofia em  seu artigo "Arte após a filosofia" (1969) e segundo ele “O 'valor' de artistas particulares depois de Duchamp, pode ser medido de acordo com quanto questionaram a natureza da arte.”
O que é uma obra de arte? O que faz um artista? A arte está no objeto que o artista produz, ou na ideia que ele concebeu? A arte está em quem lê a obra ou quem determinou que determinado objeto é uma obra de arte?  A arte precisa ter uma função ou ele pode apenas ser apenas arte? Ou ainda, ter a função de ser arte? "As Meninas"(1656), de Diego Velázquez (1599-1660),
é apenas uma demonstração da habilidade técnica do artista ou nos provoca sensações que merecem uma discussão mais aprofundada sobre as ideias do artista ao pintar a obra?
O rompimento com a arte dominante é fato constante na história da arte ocidental, e em geral promove uma renovação estética, fazendo surgir novos estilos, escolas e movimentos.
Por exemplo, a Secessão Vienense foi um movimento liderado por Gustav Klimt (1862-1918) e queria a separação radical da tradição acadêmica. Este movimento que se estendeu às artes decorativas se divide em duas partes: antes e pós-1900, onde antes tínhamos um forte caráter Art Nouveau e como artista Gustav Klimt, e depois temos com Koloman Moser (1868-1918) uma arte mais simétrica, formas geometrizadas e fontes (tipos) mais simples. Se observarmos o cartaz acima. criado por Moser, deixaríamos de considerar seu caráter artístico?
A arte instiga nossa imaginação, por isso uma vida não daria para compreender este vasto universo que é o da arte, como disse Michelangelo Buonarrotti (1475-1564) no fim de sua vida:

“Sempre tive uma esposa muito exigente na minha arte, e meus filhos são as minhas obras. (...) Lamento estar morrendo justamente quando estou aprendendo o alfabeto da minha profissão”.

E Claude Monet (1840-1926) afirmou:

Todos discutem minha arte e fingem compreender, como se fosse necessário compreendê-la, quando é simplesmente necessário amar.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Walter Benjamin e o cartaz

A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica (no original em alemão, Das Kunstwerk im Zeitalter seiner technischen Reproduzierbarkeit) é um ensaio de Walter Benjamin sobre a arte no século XX, na era digital, que analisa a sua existência na era da cópia, da fotografia. Foi publicado em francês na revista do Instituto de Investigação Social Zeitschrift für Sozialforschung, em 1936, quando o autor se encontrava refugiado em Paris, devido à perseguição dos judeus alemães pelo regime nazista. É o mais conhecido e citado ensaio de Walter Benjamin, que neste texto discute as novas potencialidades artísticas — essencialmente numa dimensão política — decorrentes da reprodutibilidade técnica.
Em épocas anteriores a experiência do público com a obra de arte era única e condicionada pelo que ele chama de aura, isto é, pela distância e reverência que cada obra de arte, na medida em que é única, impõe ao observador. Primeiro — nas sociedades tradicionais ou pré-modernas — pelo modo como vinha associada ao ritual ou à experiência religiosa; depois — com o advento da sociedade moderna burguesa — pelo seu valor de distinção social, contribuindo para colocar num plano à parte aqueles que podem aceder à obra “autêntica”.
O aparecimento e desenvolvimento de outras formas de arte, (começando pela fotografia), em que deixa de fazer sentido distinguir entre original e cópia, traduz-se assim no fim dessa “aura”. Isto libera a arte para novas possibilidades, tornando o seu acesso mais democrático e permitindo que esta contribua para uma “politização da estética” que contrarie a “estetização da política” típica dos movimentos fascistas e totalitários dominantes no momento em que Benjamin escreve esse ensaio.
A sua visão implica ver na reprodução técnica uma possibilidade de democratização estética, desde que elas conservem as características daquilo que, até então, chamaríamos de original. Uma discussão similar pode ser encontrada no filme Cópia Fiel, do iraniano Abbas Kiarostami, que rendeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2010 para a atriz francesa Juliette Binoche.
O cartaz como peça publicitária é reproduzido para atingir o maior número possível de pessoas. Ao longo da história, alguns artistas criaram cartazes que carregam o significado de uma época e ganharam o status de obra de arte.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Galeria do Soul Tattoo recebe mostra de cartazes de séculos passados


Peças expostas até o final de julho em espaço na Oscar Freire

Réplicas de cartazes do final do século XIX e metade do século XX fazem parte da exposição “Imagination - Vintage Art”, que ocupa as paredes da galeria de arte do Soul Tattoo Art & Café. A coleção de Marco Antônio Guerra, que tem importantes peças, algumas concebidas por Alphonse Mucha, artista gráfico da Art Nouveau, e o muralista mexicano José Orozco, estará no espaço entre os dias 09 e 30 de julho, e entrada é franca.

A mostra traz um pouco deste universo das artes gráficas, ampliando nosso imaginário, e discute a questão do original e cópia proposto por Walter Benjamin, em 42 cartazes tratam de temas como teatro, dança, turismo, bebidas, entre outros.

Marco Antonio Guerra é formado em história e tem mestrado e doutorado em artes. Ele sempre gostou de trabalhos gráficos em que se pode ver o traço, o desenho, além de poder detectar elementos do período em que foram feitos, daí surgiu a vontade de colecionar essas obras. Wladimir Wagner é designer e artista visual, possui especialização em história da arte e é mestre em artes.

O Soul Tattoo foi criado para reunir em um mesmo lugar artistas de todos os tipos e de vários pontos do mundo. Logo na entrada da casa de três andares, localizada na Rua Oscar Freire, o cliente encontra joias dos mais variados designers e um café gourmet; no subsolo há o estúdio de tatuagem. Já no terceiro andar, além da sala especial para aplicação de body piercing e maquiagem, os clientes encontrarão a sala de exposições com artistas rotativos, onde estarão as peças de Ronaldo Inc..

O cocktail de inauguração apenas para convidados acontecerá no dia 09 de julho.

Serviço
Exposição “Imagination Vintage Art
Data: de 09 de julho a 30 de julho
Local: R.: Oscar Freire,2203 – Jd. Paulista
Horário: de segunda a sexta - das 11h às 20h
Sábado – das 11h às 18h
Tel.: 11 3063-3435

[+] Sobre o Soul Tattoo Art & Café
O Soul Tattoo Art e Café, liderado pelo tatuador Paulo Affonso, mais conhecido como Paulão Tattoo, vem mostrando que a body art, assim como as artes em geral, tem um sentido místico e expressa o que há de mais profundo na alma do ser humano. O espaço convidativo, localizado na Oscar Freire, região nobre da cidade paulistana, combina beleza e conforto, e reúne o que há de mais moderno do mundo da arte, música, jóias, café gourmet e lounge, com acesso livre à rede Wi-Fi.

terça-feira, 28 de junho de 2011

A História dos cartazes

Com suas raízes no Renascimento, O primeiro cartaz conhecido é de Saint-Flour, de 1454, feito em manuscrito, sem imagens. Mas foi na segunda metade do século XIX, com o surgimento da litografia (técnica de impressão a partir de uma pedra especial), que o cartaz passou a ter uma estrutura reconhecível como peça de publicidade.

Muitos artistas se dedicaram especialmente aos cartazes e tiveram um papel importante no seu desenvolvimento. Alphonse Mucha, por exemplo, foi um pintor da Morávia, República Tcheca, do final do século 19 e início do século 20 e uma figura chave no movimento Art Nouveau. Sua arte influenciou toda uma geração de pintores. Em Paris, antes de se tornar famoso, Mucha passava dificuldades financeiras e estudava com ajuda de amigos. Foi nesta época que desenvolveu seu estilo e em janeiro de 1895 apresentou-o aos cidadãos quando criou um cartaz para Sarah Bernhardt, conhecida como a mais famosa atriz da história, para a peça Gismonda. Sarah assinou um contrato de seis anos para criação de seus cartazes, cenários e figurinos, o que lhe garantiu o sucesso. Há sete réplicas dos cartazes que foi feito por este artista gráfico na exposição Imagination – vintage art, inclusive Gismonda.

No século XX o cartaz teve um papel importante no design moderno. O design russo foi influente na evolução do cartaz europeu moderno e na escola de design alemã, a Bauhaus. O cartaz russo se caracterizou pelo envolvimento com as vanguardas artísticas e a propaganda do governo soviético.

Das vanguardas europeias à desconstrução pós-modernista o cartaz manteve uma renovação constante, sobrevivendo ao surgimento de novas mídias, como a televisão no pós-guerra.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Em cartaz!



de 9 a 30 de julho de 2011


Soul Tatoo art e café
Rua Oscar Freire, 2203 - tel.: (11) 3071-2316/3063-3435
Segunda a sexta das 11 às 20h - Sábado das 11 às 18h
http://www.soultattoo.com.br/

Exposição de cartazes do final do século XIX e metade do século XX, da coleção de Marco Antonio Guerra. A mostra se compõe de réplicas de importantes cartazes, alguns concebidos por Alphonse Mucha, artista gráfico da Art Nouveau, e o muralista mexicano José Orozco.


Coleção: Marco Antonio Guerra
Concepção e realização: Wladimir Wagner